domingo, 24 de novembro de 2013

Consumismo e novas formas políticas são debatidos na Fliporto



Entrevista com Zygmunt Bauman foi mote de painel neste sábado.Sociólogo acredita que velhas formas políticas não funcionam mais.
Uma entrevista exclusiva realizada na Inglaterra com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman foi o mote de um painel realizado no final da tarde deste sábado (16), na 9ª edição da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), em Olinda. O jornalista Silio Boccanera e o economista Sergio Besserman Vianna debateram assuntos que afligem a sociedade contem porânea, como o consumismo, as recentes manifestações, novas formas de fazer política e as crises econômicas, comentando a partir das respostas dadas por Bauman.
Bauman, durante conversa com Boccanera realizada na cidade de Leeds, no norte da Inglaterra, comentou como os valores das sociedades modernas se alteram com facilidade, provocando uma insegurança nas pessoas, cada vez mais ávidas por consumo material. "Até 2007, vivia-se uma 'orgia consumista", disse o polonês, que criou o termo "precariat" para definir o estado de vulnerabilidade, de inconstância, muito comum entre pessoas e instituições com a chegada das crises econômicas, a última grande delas de 2008. "Ele observa que a nossa identidade passou a depender disso, precisamos comprar para ser, chega a ser um culto ao shopping center", opinou Boccanera.
"Bauman afirma que nada é sólido ou consevado por muito tempo, e é uma grande questão que afeta a vida de todos nós. Com a globalização, a única coisa que globalizou de verdade foi o mercado, a acumulação capitalista, e todos os outros valores humanos são se globalizaram", afirmou Besserman.
Outro ponto levantado pelo sociólogo durante a entrevista foi a perda de confiança nas instituições políticas tradicionais, o que ajudou a levar para as ruas uma onda de manifestações no Brasil e no exterior este ano. Bauman também dá outra denominação para a situação atual em que vivemos, a "interregno", quando as velhas formas não funcionam mais, mas as novas formas ainda não foram inventadas. "Isso gera uma frustração para quem participou dos protestos", disse o sociólogo.
O economista carioca afirma que é preciso que o poder saia da esfera local, "tribal", como ele chama, para alcançar termos globais. "A nossa capacidade de fazer política fica em um universo que não é capaz de transformar as coisas em plano global, e esse afastamento da politica. A capacidade de agregar ideias, a democracia, política, ainda continuam muito circunscritas", frisou Besserman.

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