domingo, 24 de novembro de 2013

Considerações Finais

A experiência do projeto em forma de blog com certeza foi muito proveitosa e agregadora. O tema escolhido nos proporcionou muitas pesquisas interessantes e educativas. Espero que tenhamos alcançado o objetivo de alertar quanto ao perigo do consumo exagerado. Com certeza, a partir de agora estaremos mais atentas quanto a essa questão!

Até a próxima!


Consumismo e novas formas políticas são debatidos na Fliporto



Entrevista com Zygmunt Bauman foi mote de painel neste sábado.Sociólogo acredita que velhas formas políticas não funcionam mais.
Uma entrevista exclusiva realizada na Inglaterra com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman foi o mote de um painel realizado no final da tarde deste sábado (16), na 9ª edição da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), em Olinda. O jornalista Silio Boccanera e o economista Sergio Besserman Vianna debateram assuntos que afligem a sociedade contem porânea, como o consumismo, as recentes manifestações, novas formas de fazer política e as crises econômicas, comentando a partir das respostas dadas por Bauman.
Bauman, durante conversa com Boccanera realizada na cidade de Leeds, no norte da Inglaterra, comentou como os valores das sociedades modernas se alteram com facilidade, provocando uma insegurança nas pessoas, cada vez mais ávidas por consumo material. "Até 2007, vivia-se uma 'orgia consumista", disse o polonês, que criou o termo "precariat" para definir o estado de vulnerabilidade, de inconstância, muito comum entre pessoas e instituições com a chegada das crises econômicas, a última grande delas de 2008. "Ele observa que a nossa identidade passou a depender disso, precisamos comprar para ser, chega a ser um culto ao shopping center", opinou Boccanera.
"Bauman afirma que nada é sólido ou consevado por muito tempo, e é uma grande questão que afeta a vida de todos nós. Com a globalização, a única coisa que globalizou de verdade foi o mercado, a acumulação capitalista, e todos os outros valores humanos são se globalizaram", afirmou Besserman.
Outro ponto levantado pelo sociólogo durante a entrevista foi a perda de confiança nas instituições políticas tradicionais, o que ajudou a levar para as ruas uma onda de manifestações no Brasil e no exterior este ano. Bauman também dá outra denominação para a situação atual em que vivemos, a "interregno", quando as velhas formas não funcionam mais, mas as novas formas ainda não foram inventadas. "Isso gera uma frustração para quem participou dos protestos", disse o sociólogo.
O economista carioca afirma que é preciso que o poder saia da esfera local, "tribal", como ele chama, para alcançar termos globais. "A nossa capacidade de fazer política fica em um universo que não é capaz de transformar as coisas em plano global, e esse afastamento da politica. A capacidade de agregar ideias, a democracia, política, ainda continuam muito circunscritas", frisou Besserman.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Música: Consumismo - Artista: Xeg


AAAAAAAAAAI
É a força da marca (farsa)
O que é que se passa? Lei do consumo carraça humana .. desgraça
Não interessa o que és , nem O que fizeste o mais importante é o carro que andas e a roupa que vestes
A pessoa moderna tá cada vez mais rupestre
grupos de jovens afirmam-se com roupas , óculos , télemoveis , bens materias futeis
Pensamentos ilógicos fazem deles uns inuteis
O pai paga o carro , a roupa , gasolina , as festas , saídas , prendas pá menina
Há quem nada tenha mas mostre pa mostrar que tem
Fazem vida de pobre , trocam comida por bens
Visíveis aos olhos dos outros , é a atracção do consumo , o sufoco , a puderação do oco
Pagamento sem troco , não pertenço a essas gentes previsíveis , eu jogo noutros níveis
Avalia pelo que sou não pelo dinheiro que tenho
No caminho que vou podes largar que eu não apanho
Tenho pessoas que gosto , rimas , batidas e flow
Não preciso de mostrar aquilo que já sei que sou
Se curtes , curtes , se não curtes baza , o CD manda fora , em concerto vai pra casa
Será que tou entendido? será que me esclareci?
Ou será que só vais começar a curtir da minha musica quando começares a levar com ela na MTV?
Refrão:
Isto é o ConSumo... Consumismo
Com isto tudo nós não vimos
Lutamos , matamos num processo irracional
Valorização do Material
Porque é o Material ... Materialismo
Mantemo-nos ou caímos
Lutas e Guerras num processo irracional...
Valorização do que é banal
Vivemos em Capitalismo consumo fanatismo
Ter é poder e quem não tem cai no abismo
(...) os bens primários outros gajos são fortuitos
naquilo que é desnecessário
O mundo vai girando está todo ao contrário... e quem o pode mudar nem sequer faz comentários
Jovens esquecem a sonhar , a pensar o seu fio de ouro
Roupa cara , sapatos de couro , carro descapotável , cabelo pintado de loiro
esquecendo-se que é cá dentro que está o tesouro..
Porque é cá dentro ... o que realmente valemos
porque aparências ... não passam disso mesmo
Fazer-se passar por aquilo que não se é
uns acreditam no Material e fazem-no com fé
Essa é a filosofia cada vez mais Wack
As pessoas tão a ficar vazias como as letras dos Mind Da Gap
Há quem se ache superior tem muitos bens materiais
influenciado pela campanha da TV e dos jornais
Compre mais compre mais mesmo que não precises
Muitos julgam saber tudo mesmo sendo aprendizes
Só que eu paro este movimento como um B-Boy numa freeze
Pára pensa ouve reprensa Rewind
O consumismo não compensa
Inserir num estilo de vida onde o material é tudo
Ignorancia das massas que me faz sentir (...)
que rimA para uma plateia de surdos
Dá valor aquilo que é futil e aquilo que é absurdo
Tou-me a cagar pó estilo e para a roupa de marca porque aquilo que eu dou valor tá no interior da arca
Mandando rimas cá pa fora tal como aprendi
Criticando esta sociedade na qual eu nunca me inseri

http://letras.mus.br/xeg/475679/

CONSUMISTAS ANÔNIMOS


A quantidade de comentários já mostra o quão é profunda esta problemática. O consumismo não só arrasa família e pessoas de bem, mas também pode acabar com a própria humanidade, na medida em que consumimos o que não precisamos. É tão grave esta doença que não surpreenderia alguém criar o 'Consumistas Anonimos'. Talvez hoje, o certo glamour que o excesso de consumo levanta para muitos, principalmente os que não conseguem ser viciados ainda, por falta de recursos, que o 'Consumistas Anônimos' vire 'Consumistas Assumidos mas Arrependidos' ou Quem pode, pôde (verbo no pretérito). Seria de rir, se não fôsse prá chorar..
O QUE VOCÊ VAI LER ABAIXO É UMA HISTÓRIA REALOntem a noite conversei por quase 2 horas com um empresário que conheço de longa data e o ajudei em sua ascensão profissional. Vou contar parte de sua história e usar o pseudônimo "João" para guardar a sua privacidade, mas com a sua autorização, vou compartilhar abertamente o seu problema porque seguramente esta patologia é vivida por muitas pessoas, em diversos níveis sociais e em todo mundo.

Nos últimos 15 anos, João que começou o seu negócio do ZERO e com muita luta, conquistou o sucesso, cresceu financeiramente e viu o seu projeto florescer, conquistando muito prestígio no meio social em que vivia. Neste mesmo período, enquanto o seu negócio prosperava, até hoje, João também gastou mais de 12 milhões de reais e atualmente, pelo seu estilo de vida, o seu patrimônio foi reduzido a ZERO. Desculpe-me, mas pra ser mais preciso, o seu patrimônio na realidade atualmente é uma dívida de aproximadamente 750 mil reais.

As 2 empresas do João, que têm um excelente produto e um faturamento de mais de 2 Milhões por ano, têm fechado o resultado de um fluxo de caixa MENSAL negativo que já ultrapassou o valor de 50 mil reais. Isso porque além dos custos operacionais regulares, as empresas estão com gastos excessivos, o que inclui um gasto mensal adicional de 30 mil reais, relativo aos empréstimos bancários e parcelamentos de impostos atrasados, dívidas contraídas também para bancar o seu estilo de vida.

João tem 43 anos, casado há quase 20, tem dois filhos adolescentes e é uma pessoa honesta e trabalhadora. Então como ele conseguiu se meter nessa situação depois de ter ganhado tanto dinheiro e construído um negócio tão promissor?

Eu conheço muito bem esta família e o seu negócio. Posso lhe assegurar que não estamos falando de um problema mercadológico que a sua empresa pudesse estar atravessando, mas única e exclusivamente de um problema relacionado ao seu estilo de vida.

João não é dependente químico, não sustenta amantes famílias em paralelo, não é viciado em jogo e nem perdeu o seu dinheiro na Bolsa de Valores. E como conheço de perto e acompanho, buscando ajudar, esta família há muito tempo, há muitos anos João é viciado numa droga que afeta a todas as camadas da sociedade. Ricos e pobres de todas as raças e credos a cada dia têm sofrido muito pelos efeitos destrutivos deste psicotrópico devastador chamado CONSUMISMO.

Não estou me referindo a um consumo consciente ou ao desejo legítimo por experimentar novos produtos, considerando inclusive que este é um dos motores da economia, mas sim a um exagero doentio, o que estou classificando como consumismo. Apesar de não ser psicólogo, pela minha experiência em mais de 20 anos formando executivos e empreendedores, pude observar em inúmeros casos que o consumismo é uma séria patologia comportamental que faz com que o indivíduo, sem que ele tenha a consciência clara desta condição, consuma de forma desenfreada produtos ou serviços sem a real necessidade dos mesmos.

Observei que muitas podem ser as razões para este comportamento, como por exemplo, preencher um vazio decorrente de quadros depressivos, por necessidade de aceitação social, o que neste caso, grifes e marcas passam a ter uma enorme importância, falta de autoestima, dentre outras razões que podem podem dar origem a um comportamento extremamente consumista. Este estilo de vida é rapidamente assimilado por toda família que passa associar a sua felicidade ou autoestima ao consumo de produtos, seja um novo modelo de celular, um novo carro, roupas de moda, viagens que os amigos fazem, bolsas, sapatos, novos modelos de computador, compras excessivas no supermercado, em restaurantes, além de parentes que, atraídos por este estilo de vida acabam participando dessas orgias do consumo bancado pelo filho ou filha que de repente ficou rico(a). Tudo isso fomentado por excessivo tempo assistindo TV ou internet, onde todos são alimentados e bombardeados pelos estímulos da propaganda.

Este problema não é privilégio dos ricos. Como disse, é um estilo de vida que se manifesta em todas as camadas da sociedade. Nas classes mais baixas, os cheques pré-datados, promoções relâmpagos, representam "oportunidades" imperdíveis que fazem com que o indivíduo mergulhe na escravidão do cartão de crédito, cheque especial e dos empréstimos extorsivos de instituições financeiras e até de agiotas. Como consequência, passará toda a vida pagando contas sem evoluir. Sempre terá pose de bacana com a sua TV LCD, TV a cabo com per per view, e o seu carro financiado em 80 prestações, mas terá a sua caixa de correio sempre lotada de cartas de cobrança.

Eu poderia me alongar muito neste tema, mas vou resumir. O segredo básico para construir uma vida próspera é simples: GASTAR MENOS DO QUE GANHA. Um sintoma muito comum do início da dependência da droga do consumismo pode ser observado em frases do tipo: "Mas é impossível viver gastando menos do que eu gasto. Eu ganho muito pouco". Outra muito comum, dita por aqueles que já estão num estágio mais avançado é: "Pra que vou guardar dinheiro? Eu não sei nem se vou tá vivo amanhã…" ou para justificar o seu estilo de vida, tentam desqualificar o conselho de gastar menos do que ganha, argumentando de forma apelativa assim: " Diz isso pra quem ganha um salário mínimo"... Os sintomas psíquicos do consumismo são muito sutis e são sempre acompanhados desses argumentos auto-convincentes, muito parecidos com a forma que também se observa no comportamento de indivíduos com alguma dependência química.

Pra você prosperar, poder ajudar outras pessoas e acumular capital para poder investir numa real oportunidade de negócios, é necessário estar livre do consumismo, livre desta escravidão psíquica, com a sua família saudável e pronta para construir um futuro promissor. Isso porque o consumismo visa sempre o imediato em detrimento do futuro, mas para construir um projeto promissor, o foco deve estar no futuro, investindo o seu presente para construí-lo. Consumismo e prosperidade são inimigos, percebeu?

Para finalizar, e o que vai acontecer com o João? Bem, infelizmente ele e toda sua família vai arcar com as consequências do estilo de vida em que viveram até hoje. Eu estou o ajudando a fazer um plano de longo prazo para sair dessa, além de recomendá-lo um tratamento psicológico com toda família. Se ele tiver disciplina e humildade, com muito trabalho, tenho a certeza que vai virar o jogo. Do contrário, o buraco só vai aumentar, transformando-se num poço sem fundo. As consequências neste caso seriam incalculáveis.

Para os que esperavam um final feliz, desculpe-me desapontá-lo. Fica aqui o exemplo do quão grave e o quanto o consumismo pode fazer uma família sofrer.

Se você se identificou com alguma parte desta história, não pague pra ver e peça ajuda imediatamente para um amigo, pessoas de confiança ou até ajuda profissional. Do contrário, tenha a certeza de que você poderá pagar muito caro.

Flávio Augusto
Geração de Valor

A história do consumo no Brasil: Dica Literária

Analisar e interpretar as mudanças do comportamento do consumidor brasileiro é o maior desafio das empresas. Mas essas mudanças são decorrências de outras que ocorreram no passado e com certeza serão alimento para as próximas que virão a seguir. Justamente com o intuito de trazer à tona e explicar o panorama das relações de consumo no Brasil foi que o jornalista Alexandre Volpi escreveu "A História do Consumo no Brasil - Do mercantilismo à era do foco no cliente" (Editora Campus). Além do registro histórico dos mais de 500 anos do país, a obra traz uma visão bem brasileira do mercado de consumo e de suas conexões com o mundo dos negócios.
 
Da relação colônia-metrópole à era da segmentação de mercado e do encantamento, Volpi, ex-diretor de redação da revista Consumidor Moderno e que acompanha há dez anos a indústria do relacionamento e o comportamento do consumidor no país, faz uma análise minuciosa a respeito das influências que definiram o padrão de comportamento em cada período da história.

O jornalista, que também é autor de "Na Trilha da Excelência", obra que conta a vida de Vera Giangrande, e co-autor de "Brasil que Encanta o Cliente", diz que "não basta conhecer as bases sobre as quais se assentam o consumo e os vínculos entre empresas e clientes. É também preciso perceber a evolução social, política e econômica do Brasil inserido em um cenário globalizado de consumo e em uma cultura de massa".
Pela análise da formação das relações entre comércio, poder público, aristocracia e colonizados podemos compreender melhor o estágio em que está hoje a teia de relações entre empresas, governo, clientes, colaboradores e cidadãos. "No final do século 19", conta Volpi, "as primeiras multinacionais estabeleceram-se no País e tiveram grande impacto na cultura da sociedade brasileira. A comunicação de massa ganhou ímpeto no século 20. A publicidade ocupou seu espaço e os conceitos de marketing começaram a ser utilizados pelas empresas".

É, por exemplo, pelo conhecimento do propósito do surgimento da sociedade de consumo, do Código de Defesa do Consumidor, do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), do call center, do gerenciamento de relações com o cliente (CRM), do marketing de relacionamento e da responsabilidade social que é possível identificar os mecanismos que regem o consumo noPaís. "A busca pelo encantamento do cliente foi resultado de uma reviravolta global que atingiu as relações de consumo no Brasil", conta o autor. A abertura econômica em 1990, a implantação do CDC em 1991, e a estabilidade econômica proporcionada pela criação do Plano Real, em 1994, também ajudaram a, no mínimo, neutralizar o vírus da heterogeneidade que pairava sobre o relacionamento entre empresas e clientes no Brasil.

Ao fim do século 20, o consumidor brasileiro estava mais consumista, mas também mais disposto a participar. "Com linha telefônica, acesso à internet, dinheiro no bolso e consciência de seu valor, o consumidor entendeu que podia cobrar das empresas experiências de consumo de alto nível", diz Volpi. O primeiro passo dado pelas empresas foi a cuidadosa unificação de seus canais de contato direto, montando call centers - conceito importado dos Estados Unidos -, que facilitavam o gerenciamento das informações no atendimento ao cliente. Nas empresas mais ousadas, a gerência do call center reportava-se a uma diretoria ou vice-presidência de relacionamento com clientes.

Assim, forma-se o cenário evolutivo das relações de consumo no Brasil. "O nascimento e a trajetória das relações de consumo no Brasil firmaram-se até o século passado, na remoção de obstáculos que impediam o estabelecimento de uma via de mão dupla entre dois extremos, a oferta e a demanda", escreve Volpi em seu livro. Ao longo dos anos, as conquistas sociais, políticas e civis foram desimpedindo esse trajeto e gerando maior equilíbrio na relação entre fornecedores e consumidores, "deixando para trás as marcas de exploração, acomodação, avareza, falsidade e tensão", complementa Volpi. No lugar, entraram quesitos como transparência e cordialidade. Bem-vindo à era do cliente.

Título: A História do Consumo no Brasil
Autores: Alexandre Volpi
Publicação: 2007
Número de páginas: 182
Editora: Campus

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Consumo excessivo faz inadimplência crescer.



Consumo excessivo faz inadimplência crescer

No início do ano, a oferta abundante de crédito e as constantes promoções do varejo atraíram os brasileiros para as lojas. Havia ainda os incentivos fiscais por parte do governo, que isentou de IPI produtos como os da linha branca, móveis e veículos.
Estas condições foram decisivas para que os consumidores antecipassem suas compras, a maioria delas a prazo. O resultado é que, desde março, o endividamento cresce em ritmo moderado. Para os economistas da Serasa, este cenário de aumento da inadimplência deve persistir até o fim do ano.
Além disso, entre maio e junho, uma série de datas comemorativas como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, e as férias escolares, contribuíram para que o impacto no bolso dos consumidores fosse ainda maior.
O indicador mostra que as dívidas com os cartões de crédito foram as principais responsáveis pelo crescimento da inadimplência, que nesta categoria teve alta de 4,4% entre junho e julho.
No mesmo período, as dívidas com os bancos e os títulos protestados tiveram uma contribuição menor com 0,1% cada um. Os cheques sem fundo apresentaram um pequeno recuo de 0,2%.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O consumismo na voz de Carlos Drummond de Andrade

Eu, Etiqueta

Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrina me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.

O ser humano e o consumo

O ser humano é um ser de desejos e necessidades. Portanto o ser humano não vive só pela necessidade, também deseja coisas. E fundamentalmente deseja ser reconhecido pelas outras pessoas. O grande desafio é tentar entender quais são os mecanismos de reconhecimento na sociedade.
 
Nas sociedades antigas, por exemplo, ser honrado era um valor importante para ser reconhecido como uma boa pessoa. Na sociedade da cultura de consumo de hoje você é reconhecido pelo seu padrão de consumo. Eu desejo ser reconhecido, então para isso eu preciso comprar as coisas que não são necessárias para a sobrevivência imediata, mas são necessárias para ser reconhecido. Então aí aparecem tênis caros, celulares e carros sofisticados que as pessoas passam a desejar. Com isso, o que o capitalismo faz é fomentar esse desejo de consumo, reforçando a ideia de classificação de pessoas por padrão de consumo. Então os pobres, além de não terem acesso a uma vida boa, eles também têm outro problema: são frustrados no desejo de reconhecimento.

Novos caminhos

     O primeiro desafio dos cidadãos é possibilitar espaços de relacionamento, nos quais o consumo não seja critério de reconhecimento. Uma das grandes contribuições que as comunidades cristãs fazem no mundo de hoje é permitir que pessoas simples, sem grande acesso ao consumo, possam ser reconhecidas como pessoas, porque são reconhecidas como seres humanos. E mesmo as pessoas que têm acesso ao consumo têm a experiência de um reconhecimento humano verdadeiro, não através do padrão de consumo.

     O segundo aspecto é lutar para criar espaços de sobrevivência econômica melhor para pessoas excluídas. Criar possibilidades como a economia popular e solidária, práticas de educação profissionalizante, seja em formas tradicionais, seja em formas alternativas das práticas comunitárias.

     O terceiro aspecto é fazer uma crítica na sociedade a esse caráter perverso de uma economia baseada somente na acumulação do capital, que, além de excluir as pessoas da condição de uma vida digna, também gera uma antropologia equivocada de achar que o ser humano é aquilo que consome.


Jung Mo Sung,
professor de Pós-Graduação das Ciências da Religião na
Universidade Metodista de São Paulo.
Endereço eletrônico: jung_sung@metodista.br
Artigo publicado na edição nº 404, jornal Mundo Jovem, março de 2010, página 15.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O que as crianças realmente querem que o dinheiro não compra?

Boa tarde!
Gostaria de indicar um livro: "O que as Crianças querem que o dinheiro não compra?"
Este livro mudou a minha vida! Pois passei a dar mais valor aos simples prazeres da vida como: ler para minha filha, fazer piquenique, ir ao teatro ou até mesmo ir para o quintal e inventar um lanche, então pude notar o quanto minha família se uniu, e como esse comportamento influenciou outras pessoas por notarem a nossa mudança, pois com certeza, nos e nossos filhos queremos amor e atenção acima de tudo mesmo quando esse desejo fica subentendido.
Quando comecei a ler este livro, passei  analisar os comerciais como verdadeiras ARMADILHAS,  visto que nos fazem querer cada vez mais o que não podemos ter! Então tive a ideia de chamar a atenção da minha filha também, para essa falsa realidade dos comerciais infantis que vem como uma avalanche, para nos fazer gastar verdadeiras fortunas com supérfluos como: "Pampille o nosso mundo é assim", "Só é uma Princesa, quem tiver o celular das princesas"- Sony Éricson.... Foi quando comecei a indagar-lhe sobre o assunto- e aos poucos ela foi percebendo o quanto é importante ter o que necessitamos, mas sempre nos perguntando antes, eu preciso mesmo? isso irá mudar a minha vida? E a resposta é: sim. Eu posso viver sem ter esse celular ou esse sapato.
A grande sacada é, resgatar os valores e mostrar as pessoas que somos felizes tendo ou não um carrão, uma TV de 42p qualquer outra coias, mas veja bem não estou dizendo que é "ruim" comprar o que precisamos ou podemos "ter", mais sim  "comprar por comprar", haja vista que, esse prazer é tão momentâneo.
Flávia.
Livro: O que as crianças querem que o dinheiro não compra?
autor: Betsy Taylor
Editora: Sextante
Preço de: R$ 15,00 até R$ 19,00
Onde comprar: site buscapé ou livraria.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ALERTA: Você sabe o que é oneomania?

Psicóloga Maria Angélica Hartmann Gräff, que explica que normalmente os compradores compulsivos compram por comprar, pelo prazer imediato de comprar, por obedecer o “comando” da compulsão.

 

É o nome científico de uma doença, caracterizada pela mania de comprar demais! Aquela pessoa que compra, compra, compra roupas, sapatos, livros e nem sabe se terá alguma utilidade em sua vida. A definição é da psicóloga Maria Angélica Hartmann Gräff, que explica que normalmente os compradores compulsivos compram por comprar, pelo prazer imediato de comprar, por obedecer o “comando” da compulsão: “compra porque está triste, compra porque está feliz, compra porque pode ser que algum dia use, porque está em liquidação…. simplesmente compra. Com esse tipo de comportamento, os compradores compulsivos deixam de honrar com compromissos financeiros (pagar aluguel, luz, água, comprar comida) e cedem ao desejo de comprar, gastar. Como se existisse um ‘vazio’ interior que pudesse ser preenchido com as compras.”
De acordo com a psicóloga, as origens da doença ainda são controversas. Alguns autores a associam ao Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC (teria também outras características obsessivas compulsivas como contar sem parar, conferir portas e janelas muitas vezes, limpar excessivamente a casa, lavar as mãos, entre outros comportamentos). Em outra hipótese teria relação com os impulsos, ou melhor, com a falta de controle dos impulsos (comer muito, jogar sem controle, alcoolismo, drogadição, entre outros).

Dicas para aprender a retomar o controle da situação:
  • Reconheça que tem um problema e que precisa de ajuda
  • Não saia de casa com talões de cheques ou cartões de crédito
  • Antes de comprar pense se realmente está precisando do produto ou se é mero capricho e se pode pagar por ele
  • Se perceber que não vai resistir às compras, saia acompanhado de alguém que conheça e que poderá lhe ajudar a pensar antes de comprar ou impedir que você gaste.                    
Fonte: http://www.oaltotaquari.com.br/portal/2011/09/voce-sabe-o-que-e-oneomania/

domingo, 10 de novembro de 2013

Podres Poderes - Caetano Veloso


Cartilha do Ministério do Meio Ambiente orienta sobre consumismo infantil

Projeto voltado para pais e educadores quer combater o consumo insustentável


O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou a cartilha Consumismo Infantil: na contramão da sustentabilidade. Em parceria com o Instituto Alana, o projeto tem como público-alvo, além das crianças, pais, professores e cuidadores. A publicação, disponível no site do MMA traz dicas para o consumo consciente, como doar um brinquedo usado quando receber um novo, reciclar embalagens e desligar a televisão e brincar ao ar livre. O projeto tem uma preocupação especial com a publicidade na televisão voltada para as crianças. "As crianças até 10 anos não diferenciam o que é entretenimento do que é publicidade. Anunciar para esse público é contra qualquer padrão de sustentabilidade", disse Gabriela Vuolo, do Instituto Alana.

A cartilha também trata da alimentação infantil. A dica é priorizar os lanches caseiros, que além de mais saudáveis, produzem menos resíduos. "Estamos preocupados em saber que crianças vamos deixar para o planeta, e não apenas o contrário. Porque as crianças de hoje serão as responsáveis pelas escolhas no futuro", lembra Samyra Crespo, Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA.

O Ministério da Educação deverá distribuir 70 mil exemplares da obra, o Ministério do Meio Ambiente distribuirá cerca de 10 mil e a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) vai distribuir outros 15 mil exemplares da cartilha por todo o País. 
 

sábado, 9 de novembro de 2013

Entrevista: O problema não é comprar.

A jornalista americana Alissa Quart, autora de um 
livro sobre hábitos de compra dos adolescentes, fala do consumismo juvenil no mundo.


Veja – O jovem é um consumista?
Alissa Quart –
Todo mundo é consumista, em maior ou menor grau, adultos ou adolescentes. Em 2001, os jovens gastaram 155 bilhões de dólares nos Estados Unidos. Em média, o adolescente americano gasta 60 dólares por semana do próprio dinheiro. Apenas 56% desse valor vem da mesada dos pais. O restante ele ganha sozinho, normalmente trabalhando em empregos de meio período.
Veja – Por que os jovens estão comprando produtos de luxo?
Alissa –
Porque nos últimos anos as empresas adotaram a estratégia de direcionar esses produtos para os jovens. Esse avanço foi influenciado pelo estilo de vida dos astros de rap e hip hop, que valorizam esses produtos em sua música e em sua vida pessoal. Marcas caras, como Louis Vuitton, tornaram-se símbolos de cultura popular. O interesse por esses símbolos de status também cresceu bastante entre os adultos e, por conseqüência, entre seus filhos.  
Veja – Por que os pais não tentam barrar essa avalanche de consumismo juvenil?
Alissa –
Porque o consumismo não é considerado um problema. O que preocupa é se as filhas vão engravidar ou se os filhos vão se viciar em crack. Nesse contexto, consumir é inofensivo. O consumo é visto como uma conquista do adolescente, sua primeira inserção no mundo adulto. Os pais dão mesadas aos filhos como uma preparação para a responsabilidade de ter o próprio dinheiro. Na verdade, o consumismo só se torna realmente perigoso quando assume proporções exageradas.
Veja – Como mostrar a um adolescente que um produto de luxo que ele deseja comprar está fora da realidade?
Alissa –
Pais e filhos deveriam tentar um olhar crítico em relação à mídia e à publicidade. Não é fácil, pois o marketing moderno utiliza-se de técnicas sutis para atingir os jovens. É comum nos Estados Unidos "infiltrar" num shopping center adolescentes usando marcas de grife. A idéia é estimular seus amigos a comprar aqueles produtos. Os pais não devem apenas dizer não. Precisam também estar atentos às técnicas para induzir as compras. 

Fonte: http://veja.abril.com.br/especiais/jovens_2003/p_080.html

CUIDADO COM OS GASTOS

                                                     
Quem não consume?
Todos nós consumimos.
Quem consome exageradamente?
Quem consome sem pensar que amanhã terá que consumir mais?
Todos nós dependemos do consumo para benefício próprio como: Roupas, sapatos, bebidas e comidas, isso é o básico para um cidadão estar apresentável à sociedade. Este é o consumidor. Que se encaixam nesta categoria, são todos que compram conforme sua necessidade. O consumista é aquele que compra por uma certa "compulsão ou impulso" é aquele que compra diversas coisas sem a menor necessidade e exagera sem o menor arrependimento no momento, pensando que isto lhe faz bem, porém, nos dias que se seguem este, pára e se pergunta: Por que eu comprei isto, não me serve ou, eu não gostei tanto assim? Quantas vezes compramos sem a menor necessidade e depois nos arrependemos? Porém, depois que a compra é gerada não há tanto mais a se fazer, o correto é fazer um planejamento de consumo, ou lista de necessidades antes de irmos às compras. Esse método se baseá na valorização da sua renda e em uma organização de consumo. Para que estipule as diretrizes de suas necessidades básicas. Não deixe passar de consumo para consumismo, já que o consumo é baseado para um bem estar e o consumismo te gera dívidas de produtos diversos que foram adquiridos sem planejamento, já que comprou exageradamente. Sem o planejamento de consumo você acaba cedendo a tentação das vitrines. Afinal o país capitalista oferece todos os recursos de marketing entre outros para induzir e seduzir o cidadão ao consumismo mesmo não oferecendo verba suficiente para o mesmo. Tenha cuidado ao comprar, exija seus direitos de cidadão consumidor e compre apenas por necessidade e não por impulso ou vontades momentâneas. Seja um consumidor não um consumista.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Momento pipoca: Os delírios de consumo de Becky Bloom


“Rebecca sou eu. São minhas irmãs. São todas as minhas amigas que já saíram para comprar um chocolate e voltaram para casa com um par de botas. Rebecca é todas as mulheres (e homens) que já se viram parados diante de uma vitrine e souberam, com certeza absoluta, que precisavam comprar aquele casaco e… ai, meu Deus, calças que combinassem com ele!” Sophie Kinsella

Confessions of a Shopaholic (No Brasil:
Os delírios de consumo de Becky Bloom) é o primeiro de uma série de cinco livros sobre Rebecca Bloomwood, uma jornalista especializada na área de finanças e em banhos de loja. Apesar de trabalhar no ramo financeiro, a garota nada entende de economia. Seu know-how é ir a shoppings torrar as últimas cifras dos cartões de crédito, enrolar credores e rebolar pra quitar as dívidas. A obra escrita por Sophie Kinsella veio ao Brasil com o título Os delírios de consumo de Becky Bloom.

Com o mesmo nome do livro, o filme é estrelado por Isla Fisher que dá vida a compulsiva Becky Bloom. Apaixonada por compras, a única ambição da garota, além de flertar as vitrines de Nova York, é trabalhar na revista de moda Alette, sonho que alimenta desde criança. Para chegar lá, ela é aconselhada a pegar um atalho numa publicação de economia chefiada pelo ambicioso Luke Brandon (Hugh Dancy). A espontaneidade do texto de Becky encanta o editor que a contrata na tentativa de tornar a revista atrativa para o consumidor médio. O charme casual e o sotaque britânico carregado de Brandon tornam a atração recíproca - e todo mundo sabe no que isso vai dar…

Em pouco tempo, a coluna assinada pela “garota da echarpe verde”, faz sucesso no mercado. Embora forneça dicas valiosas sobre finanças e o uso correto do cartão de crédito, o saldo bancário de Becky Bloom continua no vermelho. Sua situação piora ainda mais quando passa a ser perseguida por um credor implacável que não medirá esforços pra cortas as asas da mocinha. 



Assista o trailler: 



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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Alienação Consumista

A alienação é a principal dimensão do consumismo, está na base da compra desvinculada da necessidade e do desconhecimento em relação ao valor de compra e de uso.
 (Juliana Spinelli Ferrari - Colaboradora Brasil Escola)

O consumismo exagerado torna o indivíduo obcecado por mais e mais, levando-o ao extremo, sem dar conta do que seja necessário para a provisão real de sua carência. Essa prática se faz alienável quando não percebido pelo próprio indivíduo e perceptível aos próximos de convívio coletivo, familiar ou social.

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Eles gastam muito!


Com um apetite consumista maior que o da média da população, o jovem brasileiro sabe onde quer gastar e ainda influencia as compras da família

 
São adolescentes, mas pode chamá-los de maquininhas de consumo. Um estudo realizado com garotas e rapazes de nove países mostra que no Brasil sete em cada dez jovens afirmam gostar de fazer compras. Desse grupo de brasileiros, quatro foram ainda mais longe – disseram ter grande interesse pelo assunto. O resultado da pesquisa, que tomou como base um trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) chamado Is the Future Yours? (O Futuro É Seu?), foi significativo: os brasileiros ficaram em primeiríssimo lugar no ranking desse quesito, deixando para trás franceses, japoneses, argentinos, australianos, italianos, indianos, americanos e mexicanos. Ou seja, vai gostar de consumir assim lá no shopping center.

E não precisa nem mandar, porque a turma vai mesmo. Outra pesquisa, feita pelo Instituto Ipsos-Marplan, constatou que 37% dos jovens fazem compras em shoppings, contra 33% dos adultos. Nem sempre os mais novos adquirem produtos mais caros, mas, proporcionalmente, têm maior afinidade com as vitrines. A lista de vantagens dos adolescentes sobre outros públicos é de tirar o fôlego: eles vão mais vezes ao cinema, viajam com maior frequência, compram mais tênis, gostam mais de roupas de grife – mais caras que as similares sem marca famosa –, consomem mais produtos diet, têm mais computadores, assistem a mais DVDs e vídeos e, só para terminar, são mais vorazes na hora de abocanhar balas, chicletes e lanches. Não é à toa que a falência antes do fim do mês é maior entre os jovens: invariavelmente atinge quase a metade deles, que estoura a mesada ou o salário.
O poder dos adolescentes sobre o mercado vai mais longe ainda, mesmo que eles não dêem a mínima para abstrações como "mercado". Costumam, por exemplo, aparecer com mais assiduidade no balcão. Pessoas com menos de 25 anos trocam de aparelho celular uma vez por ano (as mais velhas, a cada dois anos). Em relação às bicicletas, só para citar mais um exemplo, a situação é semelhante. Os adolescentes não são os maiores compradores do setor, mas aposentam uma bike a cada quatro anos. Os mais velhos só mudam de selim de sete em sete anos. Diante de tantas evidências, não causa surpresa que o gasto médio das famílias brasileiras seja maior nas casas em que moram adolescentes de 13 a 17 anos. Nesses domínios, a lista dos cinco produtos mais consumidos traz, em primeiro lugar, o leite longa vida. Depois vêm os refrigerantes. Nos lares com jovens entre 18 e 24 anos, a hierarquia é surpreendente. O refrigerante lidera o ranking, seguido por leite, óleo vegetal, cerveja e café torrado – o que explica o fato de a Coca-Cola ter no Brasil seu terceiro maior mercado em todo o mundo. 

O poder de consumo dos jovens é um filão que anima vários setores da economia. Há em curso uma corrida para conquistar o coração dessa rapaziada (e o bolso dos pais). As grandes marcas desenvolvem estratégias milionárias para tornar esse público fiel desde já. A maior parte do que se produz no mercado publicitário, que movimenta 13 bilhões de reais por ano, tem como alvo a parcela de 28 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 22 anos. É esse grupo que fornece boa parte do ideário da propaganda, enchendo os anúncios com mensagens de liberdade e desprendimento. Mostra-se extraordinária também a influência que essa molecada exerce sobre as compras da família. Oito em cada dez aparelhos de som só saem das lojas a partir do aval da ala jovem do lar. A fabricante de eletrodomésticos Arno não faz nada sem pensar nos mais novos, pois, na comum ausência das mamães trabalhadoras, é a garotada quem usa espremedores de fruta, tostadores de pão, sanduicheiras e liquidificadores. "Hoje, vendemos tanto para os filhos como para as donas-de-casa", conta Mauro de Almeida, gerente de comunicação da Arno, que mantém duas escolinhas de gourmet para cativar consumidores desde a pré-adolescência.
Essa influência é exercida já em tenra idade. Nos dias de hoje, um indivíduo é considerado consumidor aos 6 anos. Nesse momento as crianças começam a ser ouvidas na hora de tirar um produto das prateleiras do supermercado. Para cada dez crianças de até 13 anos, sete pedem itens específicos às mães. O poder jovem também se nota na hora de esvaziar o carrinho no caixa. Um quarto do que é registrado foi pedido pela garotada. "Nós educamos as crianças e os jovens para que tenham autonomia, opinião, poder de decisão. Pois é, eles aprenderam e decidem o que comprar por nós", ironiza Rita Almeida, especialista em tendências e hábitos de consumo de adolescentes da agência de propaganda AlmapBBDO.